segunda-feira, agosto 02, 2004

Espoliados da Volta a Portugal - 2 / Quem quer saber da Kelme e da LA Pekol?

A outra grande diferença entre a Volta de antigamente e a de agora era que as equipas que concorriam eram de clubes genuínos. Estavam o meu Benfica, o Porto e o Sporting, os três grandes de sempre. E o Boavista, o Académico do Porto. E estavam outros clubes que se fizeram grandes graças aos ases do pedal, nomes lendários como os Águias de Alpiarça, Sangalhos, Ovarense, Louletano e Ginásio de Tavira, que ombreavam com os três grandes e de vez em quando lhes arrebatavam títulos e lugares cimeiros na classificação.
Por isso a Volta levava milhares de pessoas às bermas das estradas - nesses tempos em que não havia incêndios nas florestas - para experimentar durante fugazes segundos à vibração indescritível da passagem do pelotão. Só quem experimentou sabe o que é...
Durante o Verão, quando o futebol parava, transferíamos a nossa devoção clubística para os heróis da estrada, que seguíamos na praia entre os gelados, os mergulhos no mar, as batatas fritas à inglesa, as sumóis e as bolachas americanas.
Hoje, nem Benfica, nem Sporting, nem Porto, nem sequer os clubes que adquiriram notoriedade nacional no ciclismo (Sangalhos, Águias de Alpiarça, Ginásio de Tavira e Louletano) aparecem na caravana da Volta a Portugal.
As equipas de hoje chamam-se LA Pecol, Kelme, Fassa-Bortolo, Wurth-Bom Petisco, Imoholding, Lampre, Barbot-Gaia, Relax-Bodisol.
Mencionei apenas oito equipas. São 18 este ano, mas poderia continuar a lista, os nomes das restantes são tão estratosféricos como estes que citei. Nada nos dizem, com ressalva para a Beppi-Ovarense e a Carvalhelhos-Boavista, que mantêm referências dua equipas de antigamente.
Como poderíamos nós transferir a nossa afectividade, ou criar uma ligação emocional, com entidades com estes nomes destes, que nem sabemos o que fazem?
Porque será que os génios do "marketing" das empresas que investem no ciclismo não preferem aliar as suas marcas às mais seguras marcas de Portugal que são as dos grandes clubes, incluindo os grandes clubes do ciclismo?
Porque é que os responsáveis dos grandes clubes não apostam no indiscutível prestígio do ciclismo para prolongar pelo Verão fora a ligação às massas fiéis?
Tal como era, a Volta era um verdadeiro serviço público...
Mais uma razão de peso para nacionalizar a Volta...
A VOLTA É NACIONAL, NÃO É DO CAPITAL!!!!

1 comentário:

PluribusUnum disse...

É verdade esqueci-me de mencionar isso... Foi um êxito! E o Glorioso limpou tudo! E eu fui ver com a minha mais velha mesmo aqui abaixo à esquina da 24 com a 33...